
Ler realmente não faz bem. A criança que lê pode se tornar um adulto perigoso, inconformado com os problemas do mundo, induzido a crer que tudo pode ser de outra forma. Afinal de contas, a leitura desenvolve um poder incontrolável.
Além disso, os livros estimulam o sonho, a imaginação, a fantasia. Transportam-nos a paraísos misteriosos, fazem-nos enxergar unicórnios azuis e palácios de cristal.
Não, não dêem mais livros às escolas. Pais, não leiam para os seus filhos, pode levá-los a desenvolver esse gosto pela aventura e pela descoberta que fez do homem um animal diferente.
Ler pode ser um problema, pode gerar seres humanos conscientes demais dos seus direitos políticos. E seria impossível controlar e organizar a sociedade se todos os seres humanos soubessem o que desejam.
É preciso compreender que ler para se enriquecer culturalmente ou para se divertir deve ser um privilégio concedido apenas a alguns... Ler deve ser coisa rara, não para qualquer um.
Afinal de contas, a leitura é um poder, e o poder é para poucos.
Para obedecer não é preciso enxergar, o silêncio é a linguagem da submissão. Para executar ordens, a palavra é inútil.
Além disso, a leitura promove a comunicação de dores, alegrias e tantos outros sentimentos... A leitura ameaça os indivíduos, porque os faz identificar a sua história em outras histórias. Torna-os capazes de compreender e aceitar o mundo do Outro. Sim, a leitura devia ser proibida.
Ler pode tornar o homem perigosamente humano."
Texto com adaptações
(Baseado no texto de Guiomar de Grammon)
In: PRADO, J. & CONDINI, P. (Orgs.). A formação do leitor: pontos de vista. Rio de Janeiro: Argus, 1999. pp.71-3.
Se ler este pequenino texto foi para ti uma seca, então, assiste ao vídeo.
Sem comentários:
Enviar um comentário